Professores (de matemática ou não) e estudantes: compartilhem suas opiniões comigo!
Os comentários abaixo foram me ocorrendo conforme eu resolvia a prova. Certamente carecem de uma reflexão mais demorada, mas meu tempo atualmente está escasso. Prometo conversar com colegas e consultar outras opiniões para ir aperfeiçoando meu texto.
Aí vai:
1) Não me lembro a partir de qual questão tive que pegar o lápis para fazer alguma conta, desenhar alguma figura ou qualquer outra coisa. Alguns podem argumentar que isso ocorre porque leciono matemática. Falso. Boas questões de bons vestibulares obrigam qualquer professor a pegar lápis e papel para rascunhar. A grande maioria das questões do ENEM são muito simples e superficiais.
2) Adoro matemática, mas em determinado momento, acho que lá pelo meio da prova, não aguentava mais ler os textos das questões. São textos chatos, sempre com uma (suposta e algumas vezes almejada) tentativa de contextualização do problema na vida real. Muitas vezes há dados que sobram. A capacidade de seleção dos dados pode e deve ser avaliada mas, nas 45 questões?
3) Onde está na prova a matemática de verdade? Já disse antes que as questões são muito simples. Um aluno bem preparado para os vestibulares da USP ou da UNICAMP deve gabaritar a prova tranquilamente. A única questão que pode ser considerada difícil é a 44, questão sobre intersecção de setores circulares.
4) Aliás, a questão 44 destoa totalmente da prova. Até que a contextualização é legal (os dois holofotes iluminando uma área comum) mas as alternativas apresentam expressões algébricas nada elegantes. Seria muito mais bonito desenhar um quadrado com os dois setores inscritos (questão clássica) e pedir a área em função do lado do quadrado (que é o raio dos setores). A questão é matematicamente bonita, porém a contextualização (que não é ruim) estraga a beleza.
5) Sempre que penso nessa prova do Enem, vem-me à cabeça uma pergunta: O que será dos professores de Cálculo 1 dos alunos aprovados por esse exame? Como ensinar cálculo diferencial e integral se não consigo avaliar se o candidato conhece uma função de 2º grau?
6) A questão 68 tem um enunciado muito imperfeito. Pode ter sido burrice da minha parte, mas confesso que fiquei um tempo pensando que a tampa era o recipiente (tipo uma rolha). Depois percebi que não podia ser, senão teria que calcular a superfície de um tronco de cone. Mas peço aos professores de português que me digam se não é ambíguo o texto do enunciado: Uma empresa precisa comprar uma tampa para o seu reservatório, que tem a forma de um tronco de cone circular reto… Quem tem a forma de tronco, o recipiente ou a tampa?
7) Posso estar enganado, mas a questão 72 apresenta erro no enunciado e deveria ser anulada (se o exame tivesse ocorrido). Deveria ser 25% em lugar de 20%. Só assim a resposta assinalada como correta pelo gabarito oficial seria realmente correta. Em outro post vou colocar os detalhes de meu cálculo. E ainda nessa questão, mais uma vez observo nas alternativas expressões algébricas nada elegantes. Poderiam ter sido mais criativos para avaliar se o candidato conhece a fórmula de Baskara. Eu estava enganado. A questão está correta e a resolução se encontra aqui. Ainda assim, não gosto muito da questão.
8) Enunciado da questão 83: Uma empresa (…) vende um produto x cujo custo de fabricação de cada unidade é dado por 3x² + 232. “x” é o nome do produto ou é a variável? Sendo x o número de produtos fabricados, a expressão indica o custo de fabricação de x unidades, e não de uma unidade. Que amadorismo (falta de formalidade matemática) ao elaborar questões de matemática.
9) A questão 84 também tem enunciado ambíguo: (…) para se conseguir encher essa fonte e o segundo cilindro (…). Mas a fonte contém o segundo cilindro. Depois fica a dúvida se o tempo a ser calculado é a partir do primeiro cilindro cheio, ou a partir do início do processo.
10) A questão 79 não tem alternativa correta. A resposta ao problema é 3/8. Esse foi o único comentário que os cursinhos publicaram sobre essa prova.
Com todo respeito aos elaboradores do exame, não me parece que houve apego à precisão matemática, nem distribuição adequada de conteúdos. A prova é superficial, simplista, e não é capaz de medir o conhecimento de matemática de um candidato aspirante a um curso de ciências exatas.
Seguirei futuramente com mais comentários. Aguardem.
Putz, Alê, que horror!
Não consegui baixar a prova, está dando erro no site do governo. Me manda?
Deve ter um monte de gente criticando… quem sabe eles não arrumam agora pra quando a prova real for ocorrer?
[]!
Giggio, eu não baixei a prova: tenta pelo UOL: http://download.uol.com.br/educacao/enem2009/prova_enem_2dia.pdf
Abraço
Como bom advogado que pretendo ser, achei a prova banal. Concordo em gênero, número e grau quanto à opinião do Alexandre. Prova fácil não separa o joio do trigo e não apura a diferença entre um aluno nota 7 e um nota 10, porque nessa prova ambos gabaritarão! Abraços.
[…] Já dei minha opinião sobre o enunciado da questão aqui. Quanto ao problema em si, é um clássico dos vestibulares. O candidato precisa conhecer as […]
gostaria de obter a resolução da questão 86, pois talvez não tenha solução.
é possível a leitura de que todas as 65% das mulhers que responderam a primeira pergunta estejam contidas nas 72% das mulheres que responderam a segunda pergunta?
grato.
César, fique de olho… logo mais eu publico a solução para você. Obrigado.